"Meu bom amigo, quer uma comparação? Acontece o mesmo com o amor. Um jovem se apaixona por uma moça, passa o dia inteiro com ela e consome todas as suas forças, todo o seu vigor em mostrar a ela a todo momento o quanto está se entregando. E aí aparece um filisteu, um homem com um bom cargo público e diz-lhe: "Meu destino jovem! Amar é humano mas é preciso amar como um homem! Dividi o vosso tempo; uma parte para o trabalho, e as horas de descanso dedicai a vossa namorada. Calculai as vossa posses, e não vos censuro se comprardes, com o que sobrar depois de vossas despesas básicas, um presente para ela, não com muita frequência, assim... no aniversário, no dia do nome dela", etc. Se o rapaz obedecer, virá a ser um jovem muito útil, e eu mesmo aconselharia qualquer príncipe a colocá-lo numa REPARTIÇÃO; só que assim o seu amor acaba, e se ele for um artista, acaba também a sua arte. Ó meus amigos! Por que é tão raro o despertar do gênio que irrompe numa torrente de ondas impetuosas para comover as suas almas atônicas? _ Meus caros amigos, os homens sensatos moram nas duas margens do rio, e as suas casinhas, os seus canteiros de tulipas e as suas hortas seriam arrasadas, se não soubessem se defender dos futuros perigos que os ameaçam, construindo de vez em quando diques e canais.
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