quarta-feira, 21 de abril de 2010

"vou acordar cedo, ligar a cafeteira


pôr o pão na torradeira e sentar à mesa

e te odiar por ter me dito sorrindo

e te odiar por ter me dito chorando

que já não dá mais

e te odiar sobretudo por não ter me dito

que já não dá mais

vou odiar não me chamar johnny

e não ter uma arma de qualquer calibre

e não ter uma pistolinha que dispara água

e nem um bodoque de borracha envelhecida

para ejetar essa coisa qualquer que ficou na garganta

vou pegar o café na cafeteira

encher a caneca e tomar sem açúcar

vou pegar o pão na torradeira

e cobri-lo com uns nacos de manteiga

não tenho tempo para ser

um poema de prévert

tomo meu café e saio

e na rua o ipê roxo

me lembra que o grande e nunca banal ciclo da vida veja só meu amigo

continua

e sobretudo deixa a mensagem clara quando alguém escorrega nas flores gosmentas caídas

no chão e precisa ir ao pronto-socorro levar pontos no queixo

no ponto de ônibus tem sempre um rapaz

ouvindo qualquer coisa que soa como erasure

por mim - hoje é sexta - ele que se engane para sempre no fio de seu ipod".






(angélica freitas)

2 comentários:

Guiga disse...

caralho que massa!

Portfolio disse...

Adorei o texto..ele eh seu ou de algum outro autor.. mandando benzasso giulinha... eh isso brow, confio no seu taco mulher...! PARABENS!